Argumento - Alberto Seixas Santos, Luísa Neto Jorge e Nuno Júdice
Realizador - Alberto Seixas Santos
Direcção de Produção - Henrique Espírito Santo e Jorge Silva Melo
Produção - CPC- Centro Português de Cinema
Director de Fotografia - Acácio de Almeida
Música - Jorge Peixinho
Montagem - Solveig Nordling
Intérpretes: Constança Navarro, Cremilda Gil, Dalila Rocha, Isabel de Castro, Luís Santos, Sofia de Carvalho
Ao contrário de outras películas do novo cinema, Brandos Costumes não é um filme de espaços urbanos, sendo maioritariamente filmado em cenários construídos nos estúdios da Tobis ou em casas de princípio do séc. XX. “A mim, Lisboa nunca me interessou como cidade, interessou-me como espaço fechado. Os meus filmes são de espaços fechados, são casas, são interiores de casas, com janelas mas sem grande importância ao que se passa no exterior. Interessam-me os interiores em que filmo, é evidente, mas são interiores atípicos, são interiores de princípio de século. Interessaram-me interiores que socialmente classificassem as pessoas, os actores que neles vão representar papéis. Quando escolhi uma velha vivenda, com um pequeno jardim para trás, correspondia ao espírito daquela família e daquela gente.” (Alberto Seixas Santos) Esse espaço doméstico, décor central em Brandos Costumes, e as relações familiares que se estabelecem entre os diferentes personagens, são um retrato da sociedade salazarista, em que os comportamentos individuais tinham já interiorizado os valores do regime. “Pensei o filme como um conflito entre dois espaços antagónicos: um espaço íntimo, que se passa no interior da casa, e um espaço público, que deixei para os jornais das actualidades feitos durante a ditadura do Salazar. O espaço público, a preto e branco, e o espaço privado, a cores. De um lado, há a vida privada e, do outro, a vida pública, ou talvez mais exactamente a invenção de uma vida pública. Trata‐se aqui das grandes encenações colectivas que aconteciam no Terreiro do Paço, ao qual, aliás, Salazar chamava explicitamente ‘os paços do poder’, e onde fazia sempre os seus discursos centrais. Esse espaço foi o espaço que escolhi como um dos espaços centrais das actualidades, porque é aquele que reflecte melhor a evolução da história de Portugal segundo Salazar.” (Alberto Seixas Santos)