Música - António Victorino de Almeida, Quarteto 1111
Sonoplastia - Hugo Ribeiro
Montagem - António da Cunha Telles
Laboratório de. Imagem - Ulyssea Filme
Laboratório de som - Valentim de Carvalho
Intérpretes - Maria Cabral (Marta), Ruy de Carvalho (Dr. Alves), Miguel Franco (Vítor Lopes), Mário Jacques (Carlos), David Hudson (Bob), Óscar Cruz (Rui), Lia Gama (dona da boutique), Zita Duarte (amiga de Marta), Manuela Maria (Suzette), Armando Cortez (Eng. Machado), Edith Sara (manicura), Osvaldo Medeiros (dono do stand), Luís Capinha (António Hélder), Rui de Matos (encenador), José Guerra e Silva (Chefe Roberto), Mário Rocha (Martins), Ana Maria Lucas, Pedro Efe, Grupo Cénico da CNN
Festivais - Festival de Cannes 1970 - Quinzena dos Realizadores, Grande Prémio SEIT,
Prémios SEIT Melhor Fotografia (Acácio de Almeida) e Melhor Actriz (Maria Cabral), Prémios da Casa da Imprensa - Melhor Realizador e Melhor Actriz (Maria Cabral), Prémio Plateia à Melhor Actriz (Maria Cabral) - Prémio dos críticos da revista Plateia ao melhor filme
Caso único no cinema português, O Cerco é um filme que capta o ar do tempo, é um retrato da sociedade urbana no final dos anos sessenta, que procura representar o desejo de liberdade que se sentia, a mudança que se começava a perceber, uma certa frustração mas também a esperança de renovação dos anos iniciais do marcelismo. N’ O Cerco Cunha Telles escolhe os cenários reais das ruas e da cidade, uma das marcas irrecusáveis da Nouvelle Vague francesa, preservando assim um certo sabor a documentário, que era também uma tendência nos anos sessenta. E, ao contrário de Os Verdes Anos ou Belarmino, há n’O Cerco uma variação do estatuto de classe, agora claramente retratando uma burguesia de evidentes vivências urbanas. O filme conta a história de Marta, uma mulher da burguesia lisboeta, com um marido petulante e um amante inglês, que procura uma vida nova longe do casamento e das convenções sociais dominantes. Trabalha como hospedeira de terra numa companhia de aviação e como modelo numa agência de publicidade, sinal da terciarização da sociedade que naquele período contribuiu para a transformação do país. Ainda assim, Marta tem alguma dificuldade em sobreviver por si própria, deixando-se envolver numa teia de situações duvidosas. Relaciona-se com Vítor, um contrabandista a quem a vida já tudo ensinou, que um dia aparece morto, e Marta questiona-se se será por sua culpa, se terá cometido um descuido fatal. Procurando consolo em relações fugazes, Marta prossegue um desconhecido caminho num território que não é o seu.