Efeitos sonoros - Luís Castro e Alexandre Gonçalves
Sonoplastia - Luís Barão e Heliodoro Pires
Música - Rui Cardoso
Músicos - Pedro Caldeira Cabral, Fernado Alvim, Paulo Gil
Montagem - José Fonseca e Costa
Assistente de montagem - Solveig Nordlund
Laboratório de Imagem - Foto Filme (Madrid)
Laboratório de som - Nacional Filmes e Exa Film (Madrid)
Intérpretes: Maria Cabral, Paço Nieto, Luís Filipe Rocha, José Viana, Luís Marin, António Beringela,Luís Barradas, Álvaro de Santos, Paula Ferreira, Constança Navarro, Adelaide João, António de Melo Polónio, Sacadura Bretz, Duarte de Almeida, Helena Vaz da Silva, Teresa Ricou, Fernando Santos Silva
Festivais - Festival de Bergamo 1971 (Itália)
O Recado, retrato social de um país amordaçado, foi a primeira longa-metragem de José Fonseca e Costa, que se estreou neste formato após ter realizado várias curtas-metragens documentais. Depois da luminosa presença em O Cerco, este filme é mais uma vez marcado por uma Maria Cabral em estado de graça – “É a tua Monica Vitti, não a percas”, escreveu Urbano Tavares Rodrigues numa crónica dirigida a Fonseca e Costa. Maria Cabral interpreta Lúcia, “retrato essencial de uma geração de resistência intelectual que amolece e se conforma e se aninha e esquece” (Jorge Leitão Ramos) e a referência à actriz italiana não é inocente, já que Fonseca e Costa estagiou com Michelangelo Antonioni na rodagem de L’Eclisse, em que Monica Vitti contracena com Alain Delon.
Em O Recado, Lúcia (Maria Cabral) é uma mulher dividida entre António, que pertence à mesma classe pequeno-burguesa e com quem namora, e Francisco, um marginal aventureiro que associamos à vida em clandestinidade de alguns resistentes políticos. Após uma longa ausência, Francisco (Paco Nieto) regressa a Lisboa e, através de Maldevivre (José Viana), envia um ‘recado’ a Lúcia para que se reencontrem. Lúcia sente-se atraída por esse mundo de resistência e contestação às políticas e valores instituídos mas é, ao mesmo tempo, incapaz de aderir a ele. Francisco será assassinado por um grupo de contrabandistas, em que todos viram uma representação da PIDE, e o encontro nunca chega a acontecer, pretexto para que Lúcia desista e se conforme com os valores que António representa. Francisco traduz a luta clandestina contra o regime; António reproduz uma classe acomodada às circunstâncias; Maldevivre é o retrato colectivo de um povo, um homem desiludido mas incapaz de mudar o país; Lúcia é o elo de ligação que acaba por capitular perante as adversidades.